"Não tenho muito a ver com explosões, também não faço mais muito barulho, ainda que seja no silêncio que nos arrebentamos.Já tive mais a ver com espaço sideral, com galáxias, ou mesmo com estrelas, hoje preciso estar firmemente pousada sobre algo ou alguém. Abraços me seguram e neles me agarro, me desacostumei a falta de gravidade, solta demais me perco, voar eu deixo para os sonhos e projetos que ainda não realizei.Não tenho nada a ver com ruídos que não sei de onde vêm e o que me dizem, não me sinto a vontade onde o sol tem dificuldade de entrar; Prefiro praia, campo aberto, horizonte, vento no rosto, espaço pra correr em linha reta, ou permanecer sem sustos.Já tive mais a ver com boates, som alto impedindo a voz (rouca), com sensualidade comprada em shopping, com ajuntamento que é pura distância, com horas mortas desgastando o tempo que não volta, com a falsa alegria dos ausentes de si mesmos.Já não tenho nada a ver com o que é dos outros, sejam roupas, gostos, opiniões ou pessoas. Não me escalo para histórias que não são minhas, não me envolvo com o que não se envolve, não tomo emprestado, nem empresto.Se é caso sério que me dôo sem medo, por inteiro, mas se é bobagem, eu me abstenho antes de qualquer dor, tenho vida própria e suficiente para lidar, sobra pouco de mim para intromissões no que me é ainda mais estranho do que eu mesma.Nada tenho a ver com não gostar de mim, me aceito impura, me gosto com pecados, e há muito já me perdoei.Já não tenho a ver com galáxias, falta de romance, boate, a vida dos outros, orgulho e igreja. Meu mundo agora se resume a palavras que me perfumam, a canções que me comovem, a paixões que me fazem rir, pessoas que se entregam, amor de filho, a perguntas ainda sem respostas, a constante perseguição do que ainda não sei."