sexta-feira, 2 de setembro de 2011

fugiram as estrelas..

eu tava lendo um texto do caio fernando abreu, que escreve divinamente e acaba sempre por embalar meus momentos deprê-reflexivos, que tinha o seguinte trecho:
"Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio?"
surgiu uma enorme vontade de vomitar tudo no papel, sem rodeios, nem carentes palavras bonitas.. apenas escrever de forma livre e crua..
Aquela maneira certeira que você bem sabe usar.
Eu não esperava nada disso, aliás nunca foi meu forte entrar em qualquer coisa sem criar expectativas, sem idealizar um monte de coisas que acabam por existir só no meu mundo, mas dessa vez (da maneira mais clichê) foi diferente. Eu me joguei no precipício, desde sempre esperei o inevitável... não sei como, mas eu sabia, a gente sempre sabe, né? E não foi muito diferente do que imaginei, na verdade foi um pouco mais do seu jeito frio de usar as palavras, com esse tom seco e pontual.
Confesso que achei 'demais' a idéia de sermos amigos, já que uma aproximação sem toque, sem carinho, sem beijos é impossível, ou pelo menos era naquele momento. Novamente me surpreendi comigo mesma, foi tudo aceitável, foi natural e a interação sem entrega total, com os desejos reprimidos aconteceu de maneira que nunca imaginei poder acontecer.. ficar perto sem poder tocar alguém que na verdade eu gostaria que estivesse me tomando como sua.
Fiquei depois com o gosto dos poemas de Elisa Lucinda, eu queria gritar umas frases na sua cara e não virar e ir embora, mas ficar e viver a noite mais intensa.. aí sim, partir. Não entende?! Coisa de mulher. Deveria ter gritado e exigido, como ela faz, minhas coisas de volta... meu equilíbrio, te mandar cuspir todos os meus beijos, apagar o gosto de pescoço da minha boca e tirar de mim a sensação de penetração e tudo mais que chamamos de tesão.
Mas eu sempre fui muito mais contida.. mas em noites como essa, de lua crescente, de chuva e frio.. não tem como conter nada. Não quero conter nada mais, quero libertar tudo.
Escrever sempre funcionou pra mim desse jeito, exorciso o que já deu.. faz doer um pouco e é até bom se sentir vivendo, mas cansa.. sabia que tudo cansa? Não, né... você parece não cansar..
Pensei em escolhas, nas que podemos fazer sem nunca saber o que seria certo.. mas mesmo assim escolhemos e com certeza nessas horas seguir a razão não ajuda muito. Daí você fala em moral... difícil até de comentar sobre essa tal moral, por que nós dois sabemos que ela nao existe..
Bem, me chamaram, me tiraram daqui..minha concentração e sensações se esvaíram..
Sobre as escolhas já tenho uma certeza e posso dizer, é sim frase batida, mas é real.. decidi que pra minha vida só escolho o que faz meu coração vibrar e que as tais raspas e restos, realmente, não me interessam..


fugiram as estrelas, mas se você pedisse elas teriam voltado ..